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NBA em Resumo: o que marcou a temporada por quem entende do assunto

12 de Março

A convite do Hoop78, algumas personalidades que cobrem a NBA no Brasil responderam uma pergunta: “O que mais te impressionou nesta temporada da NBA?”. O foco era analisar nuances e detalhes, dentro ou fora de quadra, que mais causaram impacto na temporada, fugindo um pouco das pautas mais tradicionais. Assim, nossos convidados falaram um pouco sobre tudo, cada um sobre aquilo que lhe pareceu mais relevante sobre o espírito da competição e fatores subestimados que podem definir os resultados finais da temporada. 

Foram ouvidos Alana Ambrósio (ESPN), Fabio Malavazzi (NBA/VIVO), Marcus Vinicius Martins (ESPN), Pedro Brodbeck (Dois Dribles), Ricardo Pilat (The Playoffs), Ricardo Stabolito (Jumper Brasil), Rodrigo Alves (SporTV), Rone Amabile (@Roma7Seven) e Rubens Borges (@HitTheGlass).

Para melhor organizar os textos, dividimos o especial em duas partes, por veículo representado e por ordem alfabética. Esta é a primeira parte do especial, você pode ler a segunda parte aqui.

Quando me pediram pra escrever esse texto lembrei de vários episódios sensacionais que tivemos nessa temporada, protagonizados pelos grandes nomes de sempre. Mas acho que seria quase alienado e redundante falar do alto escalão da NBA quando, pra mim, o que mais chamou a atenção foi o espaço absurdo que os recém-chegados conquistaram na season 17/18.

É comum ficarmos espantados com um ou outro rookie, que no fim das contas acaba levando o prêmio de ROY e a galera vai à loucura dizendo como daqui a alguns anos esses caras serão bem bons. Aliás, olhando para os novatos draftados na última década, quem vem à sua mente? Ou quantos?

O protagonismo que essa turma de calouros galgou no melhor basquete do mundo elevou o patamar de tal forma que as próximas terão padrões altos para manter.

Caros, a turma desse ano ignorou esse “daqui a alguns anos”. Não que o arremesso de Ben Simmons não possa melhorar. Ou do Lonzo. Kuzma amplie mais ainda sua visão de jogo. Mitchell não possa ficar (ainda) mais agressivo e dominante. A mecânica de Fultz tenha que se readaptar. Ou Tatum posso virar franchise player com o famigerado tempo. Ou o próprio Markaneen – em um debilitado Bulls, é verdade. D´Aron Fox vá para um time com mais estrutura que o Kings e se aperfeiçoe, assim como Ntilikina e os Knicks e Dennis Smith Jr e os Mavs.

Mas olha só quantos nomes foram citados. E quantos deles hoje são peças-chave de times renomados ou times que nessa temporada só estão conseguindo chegar aos playoffs, brigar com os peixes grandes ou ao menos fazer campanhas melhores do que em anos anteriores por causa desses rookies.

O protagonismo que essa turma de calouros galgou no melhor basquete do mundo elevou o patamar de tal forma que as próximas terão padrões altos para manter. E acho seguro dizer que daqui a alguns anos nós continuaremos lembrando com pitadas de saudosismo desses garotos que já chegaram chegando, como se “daqui a alguns anos” não importasse. Só aqui e agora – porque estão com garra e preparo de sobra para isso.

Naturalmente é impossível não colocar o Boston entre as maiores surpresas deste ano, após desmantelar o time da temporada passada e conseguir ficar entre os melhores da NBA, além da genialidade de Brad Stevens no comando do time. Houston, Raptors, Philly são times que tinham uma projeção de um bom desempenho, mas excederam suas expectativas. Heat, Jazz definitivamente merecem estar nessa conversa. Mas a habilidade de dar a volta por cima do Indiana Pacers e do Oladipo está no topo da minha lista.

Oladipo provou que todos estavam errados em relação ao Pacers

Vale a pena lembrar que a previsão para os Pacers no inicio da temporada era de ser um desastre e foram duramente criticados pela inabilidade de manter sua maior estrela Paul George, agravado pela contratação de Oladipo que havia sido rejeitado pelo Thunder e Magic. Bem, Oladipo provou que todos estavam errados. Sua média de pontos passou de16 para 23 (14º na NBA ao lado de DeRozan ), com direto a marcar 47 pontos numa partida contra o Denver em dezembro. Seu aproveitamento nos arremessos é de 47%, com uma eficiência de 53.7 FG%, 5.2 rebotes e 3 bolas roubadas por jogo (3º na NBA), ou seja dominou nos dois lados da quadra. Para premiar essa temporada teve da sua primeira participação no All Star Game e o Indiana esta nos Playoffs. Adoro essas histórias de “Underdog”.

Marcus Vinicius - ESPN

Marcus Vinicius Martins - ESPN

Acompanhe o Marcus no Twitter: @MVMartins84

Até pra tankar tem que ter competência: Um dos assuntos mais (de)batidos desse ano. Solução para alguns, um horror para muitos. Com apenas 4 ou 5 franquias lutando pelo título (o que já é um baita upgrade em relação à temporada passada), enquanto a maioria almeja no máximo uma vaguinha nos playoffs, não chega a surpreender a quantidade de times que possuem como meta, justamente, perder. Cômicas - quando não trágicas - são algumas situações decorrentes do tanking. Tem coisas como Magic-Grizzlies, que chegaram a liderar suas conferências no início de novembro e antes do fim do mês iniciaram sequências de derrotas intermináveis... Afinal, tankar é coisa séria: Ambos terminaram a temporada em penúltimo, 127 revezes somados. Ah, e tem os Bulls.

Enquanto a maioria dos times almeja no máximo uma vaguinha nos playoffs, não chega a surpreender a quantidade de times que possuem como meta, justamente, perder.

A situação dos Bulls é sui generis. Começaram o ano trocando socos, emendaram vitórias após a reconciliação de Portis-Mirotic, mandaram o espanhol embora e seguiram vencendo após o ASG. E por que isso foi uma tremenda burrice? Eles ficaram 14-5 contra Suns, Grizzlies, Hawks, Magic, Kings e Knicks – gente que, como eles, briga pelo fundo do poço. Já contra times com aproveitamento positivo, eles somam gloriosos 9-41. O que nos leva a conclusões trágicas, primeiro: o núcleo jovem não é bom o bastante para um futuro promissor. Lauri Markannen é muito bom mesmo, Kris Dunn está melhorando e Portis é honesto vindo do banco. E só. Segundo, não tiveram competência nem para perder mais, garantindo chance maior de terem escolhas de Draft que pudessem mudar o destino da franquia. Isso tudo, no 20º aniversário do último título da franquia.

A verdade é que o GarPax toca a franquia como eu toco violão – e eu não sei tocar nenhum instrumento musical. Eles terão 2 escolhas de primeira rodada, mas 2018-19 será mais um ano de dores de crescimento e – provavelmente – tank. Os caras fazem reconstrução apostando alto em pontos de interrogação (Zach LaVine, pós-cirurgia), mandam embora jovens valores (Jordan Bell, por exemplo) e mantém caras ridículos (Cameron Payne, meu deus)... Que o fã do Chicago Bulls esteja preparado, a luz no fim do túnel está bem longe.

Ao longo da temporada, duas coisas aconteceram em quantidades surreais dentro da quadra: lesões graves e erros de arbitragem. Todo mundo se impressionou com isso. Então vou destacar algo que me tocou pessoalmente: a maneira como jogadores, times e a própria liga enfiaram o pé na porta em questões políticas e sociais.

Foi lindo, por exemplo, ver a postura do Sacramento Kings diante dos protestos contra o assassinato de Stephon Clark, o garoto negro que levou 20 tiros da polícia. Mesmo tendo seu jogo prejudicado, o time abraçou os manifestantes de maneira corajosa. Seja em questões raciais ou no debate sobre o controle de armas, figuras de ponta como LeBron James, Steve Kerr e Gregg Popovich se posicionaram fortemente.

Foi lindo, por exemplo, ver a postura do Sacramento Kings diante dos protestos contra o assassinato de Stephon Clark, o garoto negro que levou 20 tiros da polícia.

E a própria liga reagiu rápido ao escândalo do Dallas Mavericks. Um dia após a revelação de que a franquia mantinha um ambiente de trabalho corrosivo com desrespeito e assédio a funcionárias, foi criada uma linha de comunicação para qualquer pessoa denunciar comportamentos semelhantes em qualquer franquia.

Tudo isso faz da NBA hoje uma liga mais conectada com a sociedade, e isso é uma tremenda bola dentro.

Confira na sequência a segunda parte do nosso especial

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