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NBA em Resumo: o que marcou a temporada por quem entende do assunto - Parte II

12 de Março

A convite do Hoop78, algumas personalidades que cobrem a NBA no Brasil responderam uma pergunta: “O que mais te impressionou nesta temporada da NBA?”. O foco era analisar nuances e detalhes, dentro ou fora de quadra, que mais causaram impacto na temporada, fugindo um pouco das pautas mais tradicionais. Assim, nossos convidados falaram um pouco sobre tudo, cada um sobre aquilo que lhe pareceu mais relevante sobre o espírito da competição e fatores subestimados que podem definir os resultados finais da temporada. 

Foram ouvidos Alana Ambrósio (ESPN), Fabio Malavazzi (NBA/VIVO), Marcus Vinicius Martins (ESPN), Pedro Brodbeck (Dois Dribles), Ricardo Pilat (The Playoffs), Ricardo Stabolito (Jumper Brasil), Rodrigo Alves (SporTV), Rone Amabile (@Roma7Seven) e Rubens Borges (@HitTheGlass).

Para melhor organizar os textos, dividimos o especial em duas partes, por veículo representado e por ordem alfabética. Esta é a segunda parte do especial, você pode ler a primeira parte aqui.

Pedro Brodbeck – Dois Dribles

Pedro Brodbeck – Dois Dribles

 Acesse o site: doisdribles.com.br

A resposta do Toronto Raptors vem do seu banco de reservas.

O Toronto Raptors registrou a melhor campanha da sua história nesta temporada. Fechou o campeonato como o melhor time do Leste e o terceiro melhor da NBA, abaixo apenas dos dois maiores favoritos ao título, Golden State Warriors e Houston Rockets.

Por mais bizarro que pareça, uma formação com quatro jogadores de segundo ano (um deles nem draftado foi) e outro veterano que já rodou por meia liga é mais eficiente do que qualquer escalação com Lebron James, Stephen Curry ou James Harden.

Apesar de Demar Derozan ser o cara do time e Kyle Lowry ainda ser o maestro do elenco, a mudança de patamar foi puxada por um punhado de coadjuvantes: o banco de reservas canadense é um dos quintetos mais eficientes da NBA atual. Levando em conta as formações que jogaram mais do que 300 minutos juntas, o quinteto formado por Delon Wright, Fred VanVleet, CJ Miles, Pascal Siakam e Jacob Poetl é o que tem o segundo melhor saldo de pontos de toda a liga, com média de 19 pontos positivos a cada 100 posses de bola, atrás apenas do time titular do Philadelphia 76ers. Por mais bizarro que pareça, uma formação com quatro jogadores de segundo ano (um deles nem draftado foi) e outro veterano que já rodou por meia liga é mais eficiente do que qualquer escalação com Lebron James, Stephen Curry ou James Harden.

Ter um banco tão eficiente nunca foi garantia de qualquer coisa nos playoffs, quando as rotações tendem a ficar mais enxutas e os titulares passam a jogar mais minutos do que o normal, mas, no caso do Toronto, pode ajudar esfacelar as desconfianças de que o time vá amarelar nos momentos decisivos – uma suspeita que ronda principalmente a dupla de estrelas do elenco. Mas depois de um teste exaustivo de 82 jogos que comprovaram a qualidade dos suplentes, certamente o técnico Dwayne Casey entra no mata-mata com uma boa noção das situações em que cada um destes reservas pode colaborar caso algum dos titulares entre em pane. A redenção canadense pode estar de agasalho sentada no banco de reservas a espera de uma oportunidade.

Ricardo Pilat - The Playoffs

Ricardo Pilat - The Playoffs

 Acesse o site: theplayoffs.com.br

A temporada da NBA vai chegando ao fim com a sensação de que, mais do que nunca, o "tank" se tornou parte fundamental do processo de reconstrução. Tivemos um dono de equipe (Mark Cuban, Dallas Mavericks) claramente escancarando que seu time precisava perder mais partidas. Tivemos jogadores indignados em ter de participar de jogos em que seus times entravam para não vencer. Nunca a disputa pelas piores posições foi tão intensa. Será que a liga está preocupada com isso de fato ou já entende que esse é um caminho sem volta?

Fato é que uma das franquias que mais se beneficiou do sistema, trabalhou muito nos últimos Drafts e está chegando ao fim de sua reconstrução é o Philadelphia 76ers. "Trust the Process". A frase imortalizada por Joel Embiid fez total sentido quando olhamos os Sixers de volta aos playoffs, com 50 vitórias na temporada e atuações memoráveis. Ben Simmons se monstrou um calouro com postura de veterano e levou o time a outro patamar.

Podemos acreditar que o time de Philadelphia, se já não fizer um grande estrago nos playoffs deste ano, será pedra no sapato de todos os times do Leste nos próximos anos.

Se considerarmos ainda que Markelle Fultz, número 1 do Draft passado, mal jogou até agora, e o próprio Simmons pode evoluir em muitos fundamentos, podemos acreditar que o time de Philadelphia, se já não fizer um grande estrago nos playoffs deste ano, será pedra no sapato de todos os times do Leste nos próximos anos.

Novisfora a discussão sobre o tank, os 76ers vêm comprovando o quanto é efetivo o sistema da NBA e dos esportes americanos em geral, que torna o Draft o grande fator de equilíbrio das ligas e dá chances iguais a todos de ter sucesso em algum momento.

Ricardo Stabolito – Jumper Brasil

Ricardo Stabolito – Jumper Brasil

 Acesse o site: jumperbrasil.com.br

Eu fiquei impressionado com a temporada dos novatos da NBA. Não resta dúvidas de que, dentro de quadra, essa constituiu uma das mais “fortes” classes recentes de estreantes que a liga viu em tempos recentes.

A renovação na classe de treinadores da NBA, o aparecimento dos contratos two-way e o inflacionamento do mercado de agentes livres fizeram a classe de calouros crescer

A concorrência pelo prêmio de calouro do ano, polarizada entre Donovan Mitchell e Ben Simmons – dois atletas não só com bons números, mas que também contribuíram decisivamente para equipes vencedoras –, serve para sintetizar isso. Mas acho que não se trata só de boas atuações: acredito que a renovação na classe de treinadores da NBA, o aparecimento dos contratos two-way e o inflacionamento do mercado de agentes livres têm algo a ver com isso.

Vejo, mais do que em anos anteriores, equipes dispostas a apostarem em seus novatos logo de cara. Isso é saudável para a longevidade competitiva dos times e traz novidades para os fãs.

A temporada dos ressentimentos e rancores curtidos, temperados e expostos esse ano foi algo que ficou martelando no fundo da minha cabeça ao longo do ano. Não falo das brigas e discussões que formam o retrato final, mas na verdade daquele sentimento que levou a pintura desse retrato.

Talvez como um retrato de geração, os jogadores hoje aparentam ser criaturas mais emocionais não apenas esportivamente, mas em questões de âmago.

Sem qualquer juízo de valor sobre o certo ou errado de qualquer lado envolvido, foi interessante ver como dizemos no popular “as pessoas levaram para o coração” várias questões.

Isaiah Thomas se sentiu traído pelo Celtics após toda a doação pessoal sua para com a franquia e que depois foi “chutado” do Cavs em um curto espaço de tempo, Okafor várias vezes revelou mágoa sobre seu escanteamento no Sixers. A cidade e a imprensa de Utah e a aparente impossibilidade de perdoar Gordon Hayward por escolher sair. Kyrie Irving que num misto de resignação e por não se sentir valorizado e pediu para deixar Cleveland.

Podemos lembrar facilmente de Gortat provocando Wall por sua falta de espírito de equipe, e John Wall não esquecendo disso por algum tempo. Nessa esteira temos também a acumulado e exposto ressentimento entre ex companheiros de Clippers (Blake e CP3).

E por último, um estranho, mal repercutido, desmentido e incompreensível ressentimento de Kawhi Leonard com o San Antonio Spurs. O então último reduto de excelência na gerência de elencos e egos pessoais sofreu um abalo com esse disse me disse que cercou a franquia.

Talvez seja a era dos Millenials, talvez não, mas a forma como as tintas são dispostas na paleta as vezes dizem mais do que o retrato final assinado.

Quando o Ricardo me pediu para escrever alguns parágrafos para o Hoop78 mandando isso no meio do recado "'O que mais te impressionou nesta temporada da NBA?', em 2/3 parágrafos. A ideia é captarmos nuances fora das pautas tradicionais, ou então que passaram em segundo plano, situações além da quadra e etc" sabia exatamente sobre o que falaria. Algo que, quem me segue há mais tempo, sabe que gosto muito: uniformes. E, com o primeiro ano de Nike na NBA, parecia que seriam só elogios (admito, sou fanboy imenso da impresa. Pelo menos na área dos tênis, o que descobri agora).

Virou baderna!

Primeiras coisas primeiro. As propagandas nos uniformes. Antes de começar, olhem a foto abaixo:

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São 12 propagandas na quadra. Isso que contei o "Kia" embaixo dos bancos uma vez, o Chase abaixo do nome da arena mais famosa do mundo não aparece e o New York Knicks não vende espaço acima da tabela ou por cima das cadeiras que torcedores deveriam usar. E nem falei das paradas pros comerciais. São tantas propagandas bombardeando nossos olhos que é triste ver os uniformes sendo sujos por algo que dilui a marca das equipes.

Virou baderna. A Nike acabou com a cor clara ser do time da casa e a escura ser do visitante. Isso levou com que, em muitas partidas, o time visitante jogasse de branco. Ruim para o torcedor que vai na arena que acaba vendo, quase sempre, as mesmas cores. Nem os acessórios os times não conseguiram ter nas mesmas cores. E, nem falei dos péssimos designs novos, né Minnesota Timberwolves?

Leia também a primeira parte do nosso especial com analistas da NBA, SporTV e ESPN

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