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Como funcionava o draft da NBA no passado

20 de Junho

O Draft é um dos eventos mais antigos da NBA. A primeira edição ocorreu em 1947, ao final da primeira temporada da BAA - Basketball Association of America, a liga que deu origem à atual NBA. Hoje o recrutamento possui regras bastante definidas e se preocupa com critérios de justiça para atribuição da ordem de seleção, mas isso nem sempre foi assim. Ao longos dos anos, tivemos algumas regras bizarras regendo o recrutamento de calouros.

Ordem de seleção dos jogadores

A ordem da seleção dos jogadores era bastante diferente. De 1949 a 1966, os times tinham direito a uma "escolha territorial". A franquia que exercesse este direito perderia sua escolha de primeiro round, e em troca recebia o direito de escolher um jogador que pertencesse a seu território. A liga entendia como território da franquia o raio de 50 milhas (80 km) ao redor do ginásio no qual a franquia mandava suas partidas, e jogador pertencente ao território era aquele que tivesse nascido, sido criado ou então jogado basquete universitário naquela região.

Ao longo da história, 23 atletas foram selecionados utilizando esta exceção, dos quais 12 foram eleitos para o Hall da Fama após suas carreiras. Dentre os mais notáveis, podemos citar Oscar Robertson, da Universidade de Cincinnati, que foi selecionado pelo Cincinnati Royals (atual Sacramento Kings); e Wilt Chamberlain, que foi selecionado pelo Philadelphia Warriors (atual Golden State). Chamberlain jogou basquete universitário por Kansas, que não estava no território de nenhuma franquia, mas a NBA aceitou o argumento do Warriors de que o pivô tinha nascido na Philadelphia e por isso pertencia a seu território. Jerry Lucas (Ohio State University - Cincinnati Royals) e Gail Goodrich (UCLA - Los Angeles Lakers) também integram a lista de notáveis atletas que foram recrutados seguindo esta exceção.

Isso mudou em 1966. A partir daí, a NBA adotou um sistema diferente. Os dois times que terminavam por último em cada divisão (eram duas) disputavam com um simples "cara ou coroa" quem seria o primeiro colocado. Quem perdesse, era o segundo, e o restante da ordem era determinado pela campanha, do pior para o melhor. A injustiça deste método era que se os dois piores times estivessem na mesma divisão, o segundo pior nunca teria a chance a de ser primeiro ou segundo, pois apenas os últimos colocados de cada divisão participavam do sorteio.

Esta lógica durou até 1985, quando foi introduzido o primeiro sistema de loteria. Esta medida foi adotada porque franquias estavam reclamando que outras equipes perdiam jogos de propósito para garantir uma escolha melhor no Draft, ou seja, o já famoso "tank". Todos os times que não se classificavam para os playoffs tinham seus nomes colocados em envelopes e eram sorteados pela ordem das escolhas. As equipes tinham chances iguais, portanto, de ficar com a primeira escolha. Os times classificados para os playoffs vinham logo após, respeitando a ordem das campanhas, da pior para a melhor.

A partir de 1987, apenas as 3 primeiras escolhas passaram a ser sorteadas desta forma, e da 4ª escolha em diante o determinante seria a campanha das franquias.

Foi apenas em 1990 que o atual sistema de loteria com probabilidades ponderadas foi introduzido. O motivo foi, mais uma vez, tentar desestimular o "tank" sem também prejudicar equipes mais fracas. O sorteio passou a funcionar da seguinte forma: várias bolas de ping-pong numeradas são colocadas em um recipiente que as mistura. Os 14 times que não se classificam para os playoffs possuem mais ou menos bolas no sorteio, dependendo da campanha. Os que forem pior na temporada regular, possuem mais bolas. As 3 primeiras escolhas são sorteadas retirando uma bola de cada vez do recipiente, e a partir da 4ª, obedece-se a ordem das campanhas. O número de bolas de ping-pong atribuídos faz com que o time de pior campanha tenha uma chance relativamente baixa, apenas 25%, de terminar com a 1ª escolha. O segundo pior tem 19,9%, e as probabilidades vão decrescendo até o 14º, que tem apenas 0,5% de chances.

Quem podia participar do Draft?

No começo, os jogadores eram obrigados a ficar todos os 4 anos no basquete universitário para poder entrar no Draft. Caso o atleta abandonasse os estudos antes de se formar, ele só poderia se inscrever no Draft no ano que sua turma na faculdade se formasse. O primeiro grande desafio a esta regra veio com Spencer Haywood, famoso jogador dos anos 70 e 80. O pivô se formou no High School em 1968, e ficou três anos jogando por uma universidade de fora do sistema da NCAA. Em 1971, ele deixou a universidade para jogar pelo Denver Rockets (atual Denver Nuggets), que participava da ABA - American Basketball Association, liga rival da NBA na época. Depois de uma temporada com o Rockets, ele resolveu assinar com o Seattle SuperSonics, da NBA, apenas 3 anos após sua formatura do High School.

A NBA ameaçou não reconhecer o contrato e impor sanções ao Sonics, e Haywood respondeu com medidas judiciais contra a liga buscando o reconhecimento do vínculo e o impedimento de sanções ao time. Ainda em 1971, a Suprema Corte dos EUA julgou o pedido de Haywood procedente por 7 votos a 2. Após a decisão a NBA alterou seu critério, permitindo que jogadores saíssem mais cedo da faculdade para atuar na liga caso demonstrassem necessidade financeira, o que era o caso de quase todos eles.

A partir daí, alguns jogadores passaram a se inscrever no Draft direto do High School. O primeiro foi Moses Malone, que entrou na ABA em 1974 e passou a jogar na NBA com a fusão das duas ligas em 1976. Ele foi 3 vezes MVP e ganhou um título da NBA, além de ter sido eleito um dos 50 melhores jogadores da história, em 1996. Logo a seguir vieram Darryl Dawkins e Bill Willoughby. O primeiro foi um jogador bastante produtivo com 14 temporadas na carreira, enquanto que o segundo não conseguiu se firmar. A maturidade ou não de jogadores vindo direto do High School sempre foi debatida enquanto perdurou esta permissão. Muitas pessoas pensavam que jogadores do High School eram muito jovens e não estavam prontos para entrar na liga, como Willoughby.

Por conta disso, depois deles, demorou para que outro jogador fosse direto do High School para a NBA. Houveram casos como Lloyd Daniels e Shawn Kemp, que não conseguiram se formar na universidade, mas chegaram a jogar basquete na NCAA. Em 1995, o MVP e campeão da NBA Kevin Garnett resolveu quebrar o tabu de 20 anos e se inscreveu no Draft direto do High School. As más línguas dizem que KG só fez isso por não ter notas boas o suficiente para a universidade. No ano seguinte, o também MVP e campeão da NBA Kobe Bryant fez o mesmo. Também neste ano, o várias vezes All-Star Jermaine O'neal surgiu desta forma.

Com os exemplos de sucesso, nos próximos Drafts, foram aparecendo outros jogadores fazendo a mesma opção. Alguns deram muito certo, como Tracy McGrady (1997), Amar'e Stoudemire (2002), LeBron James (2003) e Dwight Howard (2004). Outros, nem tanto, como Kwame Brown, a infame 1ª escolha do Draft de 2001.

Durante a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho de 2005, entre a NBA e a União dos Jogadores, a liga fez passar uma medida instituindo uma idade mínima de 19 anos completos ou a completar no ano do recrutamento para inscrição no Draft. Além disso, o atleta também deve estar há pelo menos um ano formado no High School, para que repetentes não possam se beneficiar de uma brecha na regra. A mesma regra vale para jogadores internacionais.

Assim, a maioria dos jogadores opta por jogar pelo menos um ano na NCAA, que é o grande palco para exibir seus talentos e melhorar sua posição no Draft. Caso o atleta prefira, também pode jogar na D-League ou no exterior, como fez Brandon Jennings, que jogou a temporada de 2008-09 na Itália, pelo Lottomatica Roma, antes de ser selecionado pelo Milwaukee Bucks na 10ª posição do Draft de 2009.

O recrutamento de calouros é um dos eventos mais movimentados e importantes do calendário da NBA, e como pudemos ver, tem muita história por trás. A ESPN também vai fazer história no Brasil ao fazer a cobertura do Draft ao vivo, com comentários sobre as escolhas e transações forem ocorrendo. Esta cobertura imperdível você confere nos canais ESPN, no dia 22 de junho, a partir das 20h. Imperdível!

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