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O fantasma de Michael Jordan e o ideal inalcançável

03 de Junho

O Bleacher Report fez uma matéria trazendo uma premissa interessante, com alguns dados e fatos que a corroboram: com o fim da geração de jogadores que foi medida pela régua do sucesso de Michael Jordan, vem outra com padrões e expectativas bem diferentes.

Durante os últimos 20 anos, foi inevitável. Todo atleta que pulasse muito, fosse intenso em quadra, tivesse vontade de vencer ou marcasse 50 pontos era imediatamente comparado a Jordan.

Na busca para ser igual a Michael Jordan, vimos de tudo. Kobe Bryant, que entrou na NBA enquanto Jordan ainda brilhava, foi quem mais tentou aproximar seu jogo, estilo e mentalidade do maior de todos os tempos. O próprio Jordan já deu declarações neste sentido, dizendo que Kobe era como um irmão mais novo que chegou perto de copiar tudo que ele fez. Chegou perto, mas não conseguiu. Esse é o problema quando você está perseguindo um fantasma: você nunca vai alcançá-lo.

Enquanto a NBA perseguia o ideal inatingível estabelecido por Jordan, uma geração inteira foi crescendo assistindo outros jogadores atuarem. Se Bryant, Vince Carter, Tracy McGrady, LeBron James e outros foram criados assistindo Jordan jogar e foram incumbidos de tentar supera-lo no minuto em que pisaram em quadra, a geração seguinte cresceu assistindo estes caras tentarem e falharem, e por isso buscaram outra mentalidade.

É claro que os jogadores que citamos tiveram muito sucesso na liga, mas jamais conseguiriam e nem conseguirão, no caso dos ainda ativos, superar a lenda de Michael Jordan. É um padrão impossível de alcançar, porque todos eles estão na verdade seguindo modelos de jogo e carreira que Jordan estabeleceu, desde o estilo de jogo em quadra, os movimentos, a mentalidade até patrocínios fora da quadra, comerciais de TV, contratos de tênis. Jordan criou este mundo, e eles o viveram.

A geração atual já cresceu em outra realidade. Jogadores que hoje estão em seu auge, entre 25 e 30 anos de idade, tinham entre 5 e 10 anos de idade quando Jordan dominava a NBA. Por mais que respeitem a lenda de Jordan e tudo que ele representa pelo basquete, eles não cresceram experimentando a NBA de Jordan, e sim aquela que ele criou e legou a seus sucessores.

A NBA de Jordan acabou. Apenas 18 jogadores que estavam em atividade quando Jordan se aposentou, em 2003, continuam ativos.

E com isso, por mais paradoxal que seja, Jordan acaba se tornando ainda mais intocável e inalcançável. A narrativa muda. Depois de 20 procurando o “próximo Jordan”, a NBA percebe que este jogador não vai existir, e para de forçar este fardo a suas principais estrelas. Assim, Steph Curry é medido apenas pela régua de Steph Curry. Assim como Russell Westbrook, Kevin Durant, James Harden, Kyrie Irving e tantos outros, com exceção de um jogador: LeBron James. Ele é o único que continua perseguindo o fantasma de Jordan, mas também possui características únicas em seu estilo de jogo que fazem com que ele se descole um pouco desta imagem, podendo alcançar seu próprio assento no panteão das lendas do esporte.

A NBA de Jordan acabou. Apenas 18 jogadores que estavam em atividade quando Jordan se aposentou, em 2003, continuam ativos. E agora, ao mesmo tempo em que a próxima geração de jogadores cresce querendo ser como outros jogadores de estilos tão diferentes, as principais características de Jordan ainda são exaltadas e valorizadas. O técnico Steve Kerr, do Golden State Warriors, vê em Draymond Green a paixão e vontade de vencer do lendário jogador do Chicago Bulls, assim como muitos enxergam o mesmo em Russell Westbrook. Ou ainda a capacidade de decisão de Kyrie Irving, o arsenal ofensivo de Kevin Durant, a liderança de Curry ou o domínio físico e mental de LeBron James. O mito de Michael Jordan moldou a NBA atual, e preparou o terreno para uma geração inteira de jogadores que não vai alcançá-lo, mas também vai parar de persegui-lo.

Jordan continuará sendo o ponto de debate para todo grande jogador, mas aos poucos vai deixando de ser a régua que mede o sucesso de toda estrela da NBA. Não apenas porque ninguém vai conseguir alcançá-lo, mas também porque as novas estrelas sabem que não precisam persegui-lo. O caminho para serem lendas da NBA passa por caminharem sua própria trajetória.

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