Celtics, Bulls, Lakers, Spurs. O que esses times têm em comum? Bom, além de possuírem muitos campeonatos, todos, em algum momento ou outro, constituíram dinastias na Liga. Mas o que esse termo significa? O que quer dizer que determinada equipe formou uma dinastia? Aliás, ainda existem dinastias atualmente? E quais foram as dinastias da liga? As respostas para essas perguntas praticamente resumem a história da NBA. Saca só!
O que são as dinastias da NBA?
Primeiramente, para definir o que é uma dinastia, utilizaremos o “pai dos burros”, nosso querido amigo, dicionário. E para chegar ao real alcance da palavra, vamos utilizar a definição encontrada no dicionário da língua inglesa, já que no Brasil só utilizamos esta expressão em tradução literal ao termo adotado nos EUA. Assim, de acordo com o “Cambridge Dictionary”, o termo “dinastia” significa “uma sequência de governantes ou líder que são todos da mesma família, ou, um período onde um país é governado por eles”. É claro, como estamos tratando de um termo que não é propriamente do basquete, para que se faça uma analogia são necessárias adaptações. Os “governantes da mesma família” seriam o time, ou o jogador; o “país governado” seria a liga. Assim, no basquete, o termo refere-se aos Times (ou jogadores) que dominaram a liga (NBA), durante um determinado período de tempo. A expressão “dominar”, é bastante ampla, o que faz com que a definição de dinastias tenha uma salutar flexibilidade. Entenda: as dinastias são diferentes em sua formação, em sua forma de dominar, em seu tempo, e etc. Os conceitos que parecem meio distantes começam a se tornar mais palpáveis quando analisamos as dinastias em suas especificidades. Vamos lá!
Primeiro Período: A Dinastia Lakers (1948-54)
Eu sei, muitos colocam como a primeira dinastia do basquete o Boston Celtics. Mas isso não é verdade. Anos antes da sequencial dominância Celta, existiu a primeira dinastia do Lakers. Da temporada de 1948-49 até 1953-54, a equipe conquistou cinco títulos, sendo um “back-to-back” (dois em sequência) nas temporadas 48-49 e 49-50; e depois um “3-peat” (três seguidos), entre as temporadas 51-52 até 53-54. Ou seja, o único título não vencido pelo então time de Minneapolis nessa época foi o da temporada 50-51, conquistado pelo Rochester Royals (atual Sacramento Kings).
Sim, é uma equipe que ganhou cinco títulos em seis anos. Mas não é só por isso que o Lakers dessa época está nessa lista. Consta no próprio site da NBA que a liga foi formada em 6 de junho de 1946, com o nome de Basketball Association of America (BAA). Contudo, a nomenclatura que hoje conhecemos, NBA, só surgiu em 3 de Agosto de 1949, após a fusão da BAA com a NBL (National Basketball League). Assim, o primeiro campeão desse novo formato, e também da NBA com o nome que conhecemos hoje foi de fato o Lakers. Não só isso como foi também o primeiro time que ganhou três campeonatos seguidos, mostrando toda sua força.
Não bastasse esse histórico, o Lakers também influenciou a liga desse período de outra forma. A equipe era liderada pelo jogador que primeiro foi considerado como “o maior de todos os tempos”, George Mikan. O pivô jogou sete temporadas na NBA, e em todas elas chegou aos Playoffs. Mais do que isso: foi líder de pontuação três anos; líder em rebotes um ano; e seis vezes All-NBA First Team. Durante a sequência de campeonatos, Mikan foi o líder em pontos, marcando, ao total, pelo menos 50% pontos a mais do que todos os outros jogadores da liga. Só para impressionar mais um pouco, o pivô, durante as primeiras finais do Lakers, no jogo 5, marcou 22 pontos com uma mão engessada. O Lakers acabou ganhando aquele título justamente graças a Mikan.
“Ele teve ossos quebrados nos dois cotovelos, nos dois pés, no pulso direito, no nariz, em um dedão, e três outros dedos. Teve muitos hematomas, um dente arrancado, 166 pontos, e teve que substituir a rótula. Mesmo assim, ele perdeu apenas dois jogos em toda sua carreira.” - American National Biography Online, sobre George Mikan.
Segundo Período: A Dinastia Celta – a maior de todos os tempos (1956-69)
Agora sim estamos diante da famosa dinastia do Boston Celtics. A mais conhecida, e sem sombra de dúvidas a maior (em termos de extensão) de todos os tempos. Aliás, alguns consideram como a maior dinastia da história de todos os esportes. Também, não é para menos. Qual outro time, em qualquer modalidade esportiva foi, em 13 anos, 11 vezes campeão do campeonato mais importante da temporada?
Esse time do Celtics foi simplesmente o mais dominante que já passou pela NBA. Foram 11 títulos entre as temporadas de 1956-57 e 1968-69. Desses onze, nove foram conquistados em sequência (da temporada 58-59 até a 65-66). Hoje em dia virou rotina criticar os “supertimes”, contudo, a constituição de tais equipes não é novidade. Esse Boston teve, durante esse período, um total de treze jogadores que posteriormente entraram para o hall da fama. Nas temporadas 57-58 e 62-63 os Celtas contaram com oito futuros hall da fama no elenco (e você reclamando dos quatro All-Stars do Warriors).
Como o Lakers, a dinastia Celta também teve um pivô dominante. Dessa vez, o show ficou por conta de um dos melhores que já jogaram o jogo: Bill Russel. Todos conhecem Bill por ele ser o jogador mais vezes campeão de toda história da liga (onze anéis). Sem sombra de dúvidas, foi um dos maiores defensores que a NBA já viu, sendo um exímio protetor do aro e pegador de rebotes, mantendo média de 22,5 rebotes por jogo durante a carreira. Mas mais importante do que isso é seu histórico político. Bill Russel foi um dos primeiros jogadores negros a ter uma voz ativa na liga, se manifestando sobre inúmeros assuntos. Uma das mais sensíveis, era a questão do racismo, o que foi de suma importância para a época, principalmente jogando no Boston Celtics, um time onde a maioria dos jogadores eram brancos numa cidade com muita população de origem irlandesa.
É claro, ao falar desse time incrível todos se lembram de Russell. Contudo, tivemos outras lendárias figuras participando desse período. Red Auerbach, técnico e provavelmente o maior GM do Celtics ganhou sua fama nessa época. Os jogadores Tom Heinsohn, Bob Cousy, Bill Sharman, John Havclicek e outros também compuseram esse estrelado elenco. Nem Golden State Warriors, nem Miami Heat. Esse, com certeza, foi o elenco mais completo, poderoso e dominante que a NBA já viu (comparando com a época), justificando tamanha dominância.
Terceiro Período: A Guerra das Dinastias – O Lakers do Showtime X O primeiro “Big Three” (1980-90)
Se até agora os fãs de basquete tinham visto o Lakers dominar a liga durante um período, e o Boston durante o período subsequente, agora as duas maiores franquias da liga iam entrar em uma verdadeira “guerra” que duraria uma década inteira. Essa foi a época mais emocionante em termos de embate de dinastias. Nenhuma outra teve dinastias tão fortes e parelhas se enfrentando. O “Showtime” de Magic Johnson, e o “Big Three” de Larry Bird. Essa rivalidade nasceu no ensino médio, onde Magic e Bird se enfrentaram, passou pela NCAA e chegou até a NBA. É justamente do confronto entre os dois que a NBA reencontrou o caminho para o sucesso.
Após o fim da era Bill Russel, a NBA passou por um período muito difícil. Os estádios nunca estavam cheios; as questões raciais e a violência tomaram conta da liga; os jogadores inseridos em diversos problemas com drogas; e a mídia praticamente decretando o fim do basquete profissional nos Estados Unidos. Foi nesse contexto que deu início a maior rivalidade já vista em todos os esportes norte-americanos.
A história começou já na temporada 79-80, quando o recém draftado Magic Johnson conseguiu o MVP das finais liderando o Lakers ao campeonato. Já na temporada seguinte foi a vez do Boston de Larry levar o caneco. E praticamente foi assim durante toda a década de 80. Entre 1979 e 1989 todas as finais tiveram a presença ou do Celtics, ou do Lakers. Nesse período as franquias se enfrentaram 3 vezes, sendo que em uma delas, o Celtics saiu campeão (83-84) e nas outras duas, o Lakers (84-85 e 86-87). Durante esse período, o Lakers foi campeão da liga cinco vezes, e o Celtics três.
O Celtics ficou conhecido principalmente pelo trio Larry Bird, Robert Parish e Kevin McHale. O atual GM da franquia, Danny Ainge, também jogou nessa época. O time era muito forte fisicamente e cascudo, sendo que, jogando em casa, poucas equipes podiam para-los. Era um time que jogava do jeito totalmente oposto ao do Lakers e que praticamente inaugurou o que hoje chamamos de “Trash Talk”.
Embora deva se reconhecer a grandeza do Celtics na época, quem realmente marcou mais a história foi o “Showtime” Lakers. Aliás, pode-se dizer que foi dessa equipe, cujo dono era o visionário Dr. Jerry Buss, o homem que revolucionou a liga, que nasceu o basquete que até hoje vemos. Um jeito solto, leve, rápido, de se jogar. O jogo em transição liderado por Magic Johnson; destacado pela facilidade em pontuar de Kareem Abdul-Jabbar e repleto de outros jogadores habilidosos, como James Worthy concederam o apelido de “Showtime” ao Lakers. E é justamente por isso que esse time se fez uma dinastia. Magic foi o primeiro dos jogadores a começar com essa ideia de atuar nas cinco posições (algo que muitos idolatram hoje na NBA). O estilo atual do Golden State Warriors, por um exemplo, é bem similar ao jeito que jogava esse Lakers. É claro que, na época, as bolas de 3 eram bem menos comuns, contudo, em termos de rapidez e transição, as equipes são muito semelhantes.
Como visto até agora, algumas dinastias venceram muito, outras nem tanto, mas tiveram um aspecto político e social importante. Outras dinastias além de terem sido campeãs, ajudaram a sustentar a liga e influenciaram tanto que até hoje ainda ditam estilos de jogo. A divisão aqui é por períodos, e essa foi a “fase antiga” da NBA. A próxima fase com certeza mudou a história da liga para sempre. E aí, algum palpite de quais serão as próximas dinastias analisadas? Fique atento às próximas partes para não perder nada.
Fique por dentro
NBA: Como uma troca de Giannis Antetokounmpo pode ajudar os Cavs
NBA: Foi tudo culpa do Luka Doncic
Como Draymond Green irritou Stephen Curry antes de jogo contra Klay Thompson