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4 supertimes da NBA que deram errado

23 de Maio

Atualmente, a NBA é dominada pelo supertime do Golden State Warriors, formado por quatro all-stars e vários outros jogadores de destaque. Outros supertimes já dominaram a liga, em diversas épocas, como o Miami Heat alguns anos atrás, o Los Angeles Lakers no começo do século e o Boston Celtics nos anos 60, além do domínio combinado de Lakers e Celtics nos anos 80. Isso tudo sem esquecer, é claro, da grande potência que era o Chicago Bulls de Michael Jordan, nos anos 90.

Apesar disso, nem sempre a formação de um supertime dá certo. Algumas vezes, franquias montaram equipes repletas de astros para ganhar um título da NBA, mas as coisas aconteceram de maneira diferente. Listamos quatro casos icônicos, sempre considerando times que falharam e se desmancharam completamente na sequência, não contando times que decepcionaram em um ano mas depois chegaram a vencer um título:

Houston Rockets – de 1996 a 1998

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Parecia perfeito: Charles Barkley, adquirido junto ao Phoenix Suns, se juntaria a Hakeem Olajuwon e Clyde Drexler em Houston para chegar a uma final contra o Chicago Bulls de Michael Jordan. Os três estavam entre os melhores jogadores da NBA naquela geração. Barkley e Drexler tinham perdido finais contra Jordan no começo da década, e Olajuwon tinha vencido dois títulos durante o hiato de MJ no baseball. Juntos, eles formariam o supertime que derrubaria o histórico Bulls.

A equipe, comandada por Rudy Tomjanovich, um dos melhores treinadores da época, venceu 57 partidas e ficou em terceiro lugar do Oeste. Os três astros e o técnico foram eleitos para representar a conferência no All-Star Game, e a expectativa era grande.

Nos playoffs, depois de varrer o Minnesota Timberwolves dos jovens Kevin Garnett e Stephon Marbury, a equipe passou por uma duríssima prova no segundo round, onde venceu o Seattle SuperSonics de Gary Payton e Shawn Kemp em 7 jogos. Com isso, o embate contra o Utah Jazz de Karl Malone e John Stockton tomou proporções épicas.

O Jazz, no entanto, era a melhor equipe. Tinha vencido 64 jogos na temporada regular e Malone tinha sido o MVP e membro do time ideal de defesa. Com isso, a equipe de Utah não teve muito trabalho e despachou o supertime do Rockets em 6 partidas.

Na temporada seguinte, Olajuwon perdeu quase metade da campanha com uma lesão no joelho. Drexler desacelerou e se aposentou ao final da temporada, e o time foi aos playoffs na oitava vaga. A franquia não se classificaria novamente aos playoffs até 2004, e demorou até 2015 para chegar em outra final do Oeste.

Los Angeles Lakers – 2003-04

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O Lakers tinha vencido três títulos de maneira consecutiva, entre 2000 e 2002. A equipe tinha sua base na dupla entre Shaquille O’neal e Kobe Bryant, sob comando do técnico Phil Jackson.

Em 2003, tentando vencer um quarto título seguido, o time parou no San Antonio Spurs, do MVP Tim Duncan, na segunda rodada do Oeste.

Na tentativa de gerar fato novo em um elenco que apresentava fadiga material, a franquia contratou dois dos maiores jogadores de todos os tempos, já em final de carreira, para formar um supertime: o ala-pivô Karl Malone e o armador Gary Payton. Ambos haviam parado em Michael Jordan nos anos 90 em suas tentativas para ganhar um anel de campeão. Como parte do esforço financeiro para contratar ambos, a franquia precisou liberar Robert Horry, parte importante da rotação, que foi substituído por Horace Grant, outro veterano com grande história na NBA.

As coisas começaram a dar errado na offseason. Kobe Bryant, único dos astros do time com menos de 30 anos, era visto como o futuro da franquia e seria agente livre ao final da temporada. Ele se envolveu em uma polêmica acusação de estupro no Colorado, e isso estremeceu as já instáveis bases de sua relação com o restante do time, especialmente Shaquille O’neal.

Shaq, por sua vez, já demonstrava declínio físico, e também estava às vésperas de precisar de uma extensão contratual. Ele entrou em atrito com o falecido Jerry Buss, dono do Lakers, por conta disso, chegando a ordenar “pague-me, seu velho”, para Buss durante um treino.

Para ajudar, Payton não fez esforço algum para assimilar o triângulo ofensivo, filosofia tática empregada por Phil Jackson no comando da equipe, e diversas lesões acometeram o time durante a campanha. No total, os quatro astros jogaram apenas 20 partidas juntos durante a temporada regular. Mesmo assim, o time venceu 56 jogos e ficou em segundo lugar do Oeste.

Nos playoffs, a equipe conseguiu encontrar algum ritmo. Passou pelo Houston Rockets do jovem Yao Ming na primeira rodada, e eliminou o então campeão Spurs na semifinal, onde Derek Fisher converteu seu histórico arremesso com apenas 0,4 segundo no relógio no jogo 5.

Na final do Oeste, um duro embate contra o Minnesota Timberwolves, melhor campanha da conferência e do MVP Kevin Garnett. O Lakers prevaleceu em 6 jogos, mas a um preço caro: Malone, de 40 anos, sofreu uma lesão no joelho e jogaria a grande final lesionado. Ele foi peça essencial na defesa para parar Garnett e Duncan no caminho até a decisão, e sem Horry, o time teve que apelar ao inexperiente e limitado Slava Medvedenko para ocupar a posição.

Com todas as lesões e crises internas, que só se agravaram ao longo da temporada, o Lakers foi presa fácil para o unido Detroit Pistons, de Ben e Rasheed Wallace, Chauncey Billups e Rip Hamilton. A equipe, muito forte defensivamente, comandada por Larry Brown, venceu o estrelado elenco angelino em cinco jogos.

Após a temporada, O’neal foi trocado para o Miami Heat para agradar Bryant, num esforço para renovar com o astro. Payton foi trocado para o Boston Celtics e Malone se aposentou. O técnico Phil Jackson, que foi demitido, escreveu um livro chamado “The Last Season”, em forma de diário, onde narra os bastidores da turbulenta campanha.

Jackson foi contratado novamente em 2005, e ele e Bryant voltariam a ser campeões juntos em 2008 e 09.

Brooklyn Nets – 2013-14

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Em 2010, o bilionário russo Mikhail Prokhorov comprou o então New Jersey Nets. Ele então ergueu o Barclays Center, que ficou pronto em 2012, e se tornou uma das arenas mais modernas e impressionantes da NBA, no coração do Brooklyn, e então levou o time para lá, adotando o nome da icônica região de NY.

Na sequência, ele quis fazer um time de respeito, e em 2013 fez uma troca com o Boston Celtics que levou Kevin Garnett, Paul Pierce e Jason Terry ao time. Garnett e Pierce eram dois terços do trio que levou o Celtics ao título de 2008 e que manteve o time como uma das forças do Leste pelos anos seguintes. Terry também era um vencedor experiente, tendo sido campeão pelo Dallas Mavericks em 2011. Eles se juntaram a Brook Lopez, pivô draftado pelo Nets em 2008 e que havia sido All-Star no ano anterior, Deron Williams, então um dos melhores armadores da NBA e líder da franquia e Joe Johnson, um dos melhores pontuadores da liga na última década. Ambos também eram All-Stars.

Assim, o Nets formou um quinteto titular bastante estrelado e equilibrado no papel, com Lopez, Garnett, Pierce, Johnson e Williams comandados por Jason Kidd, técnico estreante e com grande identificação com a franquia, pois jogou sete anos no Nets e levou o time às Finais da NBA duas vezes seguidas. No banco, além de Terry, o russo Andrei Kirilenko e o armador Shaun Livingston, dois jogadores com muito histórico de qualidade na NBA.

Um elenco de estrelas, uma nova arena num dos lugares mais icônicos e identificados com basquete do mundo e um técnico com excelente histórico com a franquia. Parecia uma receita impossível de dar errado, mas deu.

Lopez jogou apenas 17 jogos na temporada. Williams perdeu 18 partidas. Garnett ficou de fora de 28 jogos. Pierce, longe de seu auge atlético, fez apenas 13 pontos de média, enquanto que Johnson, maior cestinha da equipe entre os que jogaram a maior parte da temporada, fez 15,8. Terry perdeu mais de metade da temporada, e Kirilenko jogou apenas 45 partidas.

A equipe se classificou para os playoffs cambaleando, com apenas 44 vitórias e o sexto lugar no fraco Leste. No primeiro round, derrotou o favorito Toronto Raptors em 7 jogos, com um toco de Paul Pierce no armador Kyle Lowry na última jogada do jogo 7, que poderia ter vencido o jogo para o Raptors caso tivesse feito a cesta, e selou a vitória na série em grande estilo. Isso deu algum ânimo à equipe do Nets, mas no round seguinte estava o Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh. O Heat era o então bicampeão da NBA, mas o Nets, incrivelmente, havia varrido o time de Miami na temporada regular, e a expectativa pelo confronto cresceu.

Apesar disso, o Nets foi presa fácil para o Heat, que fechou a série com tranquilidade em apenas cinco jogos. Ao final da temporada, Garnett foi trocado para o Minnesota Timberwolves, seu primeiro time na NBA, pelo qual veio a se aposentar. Pierce assinou com o Washington Wizards. Deron Williams e Joe Johnson foram embora após a temporada seguinte, que foi a última para qual o Nets se classificou aos playoffs.

Os resultados desastrosos da montagem deste elenco continuam a assombrar o Nets, que vem tendo sucessivas temporadas perdedoras sem escolhas de Draft. A equipe cedeu ao Celtics três escolhas de primeiro round na troca. Duas delas se tornaram os alas Jaylen Brown e Jayson Tatum, que são astros em ascensão pela equipe de Boston. A terceira, oitava escolha no Draft de 2018, foi negociada pelo Celtics com o Cleveland Cavaliers, na troca que levou Kyrie Irving a Boston.

Los Angeles Lakers – 2012-13

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Em 2012, o Los Angeles Lakers vivia um dilema comum a equipes vencedoras. No final de ciclo de um elenco que ganhou títulos em 2009 e 2010, a franquia precisava se manter relevante ou entrar em reconstrução. Um ano antes, uma troca que levaria Chris Paul ao Lakers havia dado errado no último segundo, gerando insatisfação nos jogadores que teriam sido negociados. Assim, em 2012, o Lakers resolveu agir. Com Kobe Bryant e Paul Gasol, pilares do time, envelhecidos, o time fez uma troca com o Phoenix Suns pelo veterano armador Steve Nash, duas vezes MVP da NBA, e depois trocou seu jovem, porém sempre lesionado, pivô Andrew Bynum por Dwight Howard, do Orlando Magic. Howard, então em seu auge, era um dos astros mais cobiçados da liga naquele momento, e seria agente livre ao final da temporada.

Os quatro formariam um quinteto titular com Metta World Peace, ex-Ron Artest, um dos melhores defensores de perímetro da história da NBA. No banco, um mix interessante de bons veteranos como Antawn Jamison e Steve Blake, acompanhados de jovens de potencial como Jordan Hill. O comando técnico era de Mike Brown, ex-Cavs e eleito melhor técnico da liga em 2009. A expectativa era de que o time enfrentasse o Miami Heat de LeBron James na Final da NBA, num confronto épico entre Bryant e James pelo posto de melhor jogador da liga.

Durou pouco. Depois de 12 vitórias em 13 jogos, sendo 8 na pré-temporada e 5 na temporada regular, Brown foi demitido. O Lakers conversou com Phil Jackson, técnico responsável por seus últimos cinco títulos, sobre voltar ao comando. Jackson, na época com 68 anos, havia se afastado do time em 2011 devido a crescentes problemas de saúde. O icônico dono da franquia, Jerry Buss, estava doente, e seu filho, Jim Buss, boicotou a contratação de Jackson em uma disputa por poder com sua irmã Jeannie, na época namorada de Jackson.

O Lakers acabou contratando Mike D’Antoni, ex-técnico de Steve Nash no Phoenix Suns, quando o armador foi MVP, na esperança que ele conseguisse bolar uma maneira de seu ex-atleta e seus novos companheiros se entenderem em quadra. O treinador vinha de péssima passagem pelo New York Knicks, e seu nome foi bastante contestado desde o início, ajudando a criar um clima mais turbulento em Los Angeles.

Para piorar, Howard, que o Lakers projetava como estrela do futuro, e Bryant, a estrela do time nos últimos 15 anos, não se entenderam. Kobe considerava Howard muito “mole” (palavras dele) para liderar uma franquia como o Lakers, e frequentemente tentava forçar o pivô a ser mais contundente em treinos e jogos. Nash e Gasol sofreram com lesões e jogaram em torno de 50 jogos cada. Em 18 de fevereiro de 2013, Jerry Buss, dono da franquia, faleceu aos 80 anos de idade. Buss era um dos donos de equipe mais famosos dos esportes americanos. Ele comprou o Lakers em 1979 e a equipe venceu 10 títulos sob sua propriedade, vivendo grandes eras como o Showtime de Magic Johnson e o tricampeonato da dupla Bryant/O’Neal.

Com tantas lesões, um sistema ofensivo que não encaixava e um vestiário em chamas, Bryant chamou a responsabilidade e passou a jogar de maneira mais individualista, chegando a jogar séries de mais de 40 minutos por jogo acima dos 30 pontos de média. Já veterano e com o corpo desgastado, Kobe viu sua temporada acabar no jogo de número 80 da campanha, quando rompeu o tendão de aquiles contra o Golden State Warriors. Ele famosamente ainda arremessou dois lances livres antes de sair de quadra com a lesão.

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Destroçado por lesões, brigas internas, a perda de seu carismático e unificador dono e má performance em geral, o Lakers mesmo assim cambaleou até a sétima colocação do Oeste, onde foi varrido pelo San Antonio Spurs, que viria a ser vice-campeão da NBA naquele ano.

Howard, que não se adaptou à pressão de jogar em L.A, assinou com o Houston Rockets na offseason. No ano seguinte, Pau Gasol, se sentindo desrespeitado pelas baixas ofertas da franquia e pela troca de Chris Paul que não deu certo e teria lhe enviado ao Hornets, assinou com o Chicago Bulls. Bryant jogou apenas seis jogos na temporada seguinte, antes de ter outra lesão. Ele teria uma carreira apagada e repleta de lesões até sua aposentadoria, em 2016. A lesão no aquiles foi um marco do final do seu auge. O mesmo aconteceu com Nash. Ela atuou em apenas mais 15 jogos até se aposentar, em 2015. D’Antoni foi demitido após mais uma temporada, e poucos jogadores daquele time tiveram algum destaque na liga. O Lakers passa por processo de reconstrução até hoje, e nunca mais teve uma temporada vencedora ou se classificou aos playoffs. O time deu sorte na loteria do Draft e só perdeu uma escolha de Draft de duas previstas, que será entregue ao Philadelphia 76ers no Draft de 2018, por força de outra troca.

Supertimes vêm e supertimes vão. Ao passo que alguns, como o atual Warriors, dão muito certo, outros não têm o mesmo destino. Estes quatro times deram tão errado que as franquias passaram anos até conseguirem se reformular e voltarem a ser competitivas, provando a máxima de que quanto maior a recompensa, maior o risco.


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