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Os 40 anos do título do Portland Trail Blazers

27 de Janeiro

A temporada de 1976-77 foi um ano interessante para a NBA. Foi a primeira edição do campeonato depois da fusão entre NBA e ABA, as duas maiores ligas de basquete dos EUA. Coube ao Portland Trail Blazers, que pela primeira vez se classificou aos playoffs, a distinção de ser o campeão da primeira temporada pós-fusão e que inaugurou a era da NBA moderna.

Na última quarta-feira, dia 25, o time aproveitou que teria uma partida transmitida em rede nacional nos EUA e organizou uma homenagem para o time campeão, em alusão aos 40 anos da conquista. Os principais nomes daquela campanha estiveram presentes, dentre eles os ex-jogadores Bill Walton, Lionel Hollins, Johnny Davis, Boby Gross, e também Harry Glickman, o dirigente que fundou o Trail Blazers e considerado o pai do basquete em Portland.

A homenagem serviu para lembrar aos atuais jogadores do Blazers, dos quais nenhum era nascido na conquista do título, que eles carregam o nome de uma franquia com tradição e história vencedora na liga. O ala-armador C.J McCollum parece ter captado o espírito, declarando que sabe que era um time de muito talento, com muitos jogadores do Hall da Fama e com camisas aposentadas, e se disse feliz de poder participar desta homenagem.

Aquele time era realmente muito bom. Bill Walton era um dos melhores pivôs que a NBA tinha na época. Naquela temporada ele fez 18,4 pontos de média, e liderou a liga em rebotes e tocos com 14,4 e 3,2 de médias nestes fundamentos. Seu companheiro de garrafão era o excelente Maurice Lucas, um ala-pivô típico dos anos 70: brigador, reboteiro e símbolo do espírito de luta do time. Infelizmente, Lucas faleceu em 2010, aos 58 anos. Ele era carinhosamente chamado de “Luke” por seus companheiros, e a amizade entre ele e Walton era profunda, tanto que o pivô deu o nome a seu filho Luke Walton, atual técnico do Los Angeles Lakers, em homenagem ao amigo.

O armador era Lionel Hollins, que jogou profissionalmente durante 10 anos e depois passou mais 30 anos como técnico tanto na NCAA quanto na NBA.

O feito daquela equipe não foi pequeno. O Trail Blazers tinha apenas seis temporadas disputadas como franquia, e nunca tinha chegado aos playoffs.

Antes da temporada, quando Maurice Lucas chegou ao time, ele jantou com Bill Walton e com o ala-armador Herm Gilliam no restaurante Jake’s Famous Crawfish, no centro de Portland. Nessa ocasião, Lucas teria dito a Walton que ganhariam o título naquele ano. O pivô disse que ele deveria estar louco, pois o time nunca havia sequer chegado aos playoffs e a melhor campanha da franquia até então era de 38 vitórias, em 1975. Lucas apertou bem forte a mão de Walton, que inclusive estava se recuperando de uma fratura na mão, e repetiu que eles ganhariam um título naquele ano. Dito e feito.

A final foi disputada contra o Philadelhia 76ers, de Julius “Dr. J” Erving. Ele era o nome mais famoso do basquete nos anos 70, por suas vitórias e enterradas espetaculares. Havia carregado o então New York Nets ao título da extinta ABA no ano interior. O Sixers teve a melhor campanha do Leste, com 50 vitórias. Já o Blazers chegou à Final com bastante surpresa, depois de eliminar o favorito Los Angeles Lakers, de Kareem Abdul-Jabbar.

O favoritismo do Sixers apareceu no começo da série, onde a equipe de Philadelphia abriu 2 jogos a 0 e o troféu parecia estar encaminhado. Na seqüência, o Blazers conseguiu uma das maiores viradas que o basquete já viu. Ganhou 4 partidas em seqüência, sendo que a vitória final no jogo 6, em Portland, foi dramática.

Com 18 segundos para o final do jogo, o Blazers tinha a bola e 2 pontos de vantagem. Em seguida, vieram alguns dos segundos mais tensos da história do basquete.

Bill Walton passou a bola para Bob Gross, era marcado por George McGinnis. Na disputa pela bola, eles protagonizaram uma bola presa que gerou uma disputa com bola ao alto, faltando 16 segundos. O jogador do Sixers ganhou o tapinha e tocou a bola para World B. Free, que achou Julius Erving em posição para um arremesso perto da linha de lance livre, com 10 segundos por jogar.

Dr. J errou o arremesso, mas o rebote caiu nas mãos de Free, que tentou outro arremesso e levou um toco de Gross, que em seguida pegou o rebote, mas pisou fora da quadra. Faltavam 5 segundos por jogar e a bola era do Sixers, mas o Blazers continuava 2 pontos na frente.

Na reposição de bola, McGinnis apareceu livre, recebeu a bola, e arremessou para empatar. A bola bateu no aro e pairou no ar por alguns segundos, num incrível momento de tensão e expectativa sobre quem prevaleceria. Neste momento, o braço de Bill Walton, maior reboteiro da NBA naquele ano, surgiu imponente no meio de Erving, McGinnis, Caldwell Jones e até do companheiro Maurice Lucas. O pivô assegurou o rebote decisivo, afastando a bola de longe da cesta em direção ao perímetro. Johnny Davis perseguiu a bola e a dominou pouco antes do cronômetro finalmente expirar. O Portland Trail Blazers era campeão da NBA e o Memorial Coliseum, em Portland, explodiu em alegria.

Este título foi o grande catalisador do que depois ficou conhecido “Blazermania”, que é o apoio constante de uma das torcidas mais apaixonadas da NBA. O Trail Blazers sempre teve lotação perto da máxima em suas arenas, mesmo em períodos com times perdedores. Depois do título, a única época de pouco apoio popular foi no começo dos anos 2000, quando um time formado por jogadores indisciplinados e muitos problemas fora de quadra ficou conhecido como “Jail Blazers”.

O Blazers voltou a lotar sua arena com a chegada de Brandon Roy e Lamarcus Aldridge, em 2006 e 2007, e desde então a Blazermania voltou a seus patamares históricos. De 1977 a 1995, ano em que a franquia se mudou do Memorial Coliseum para o Rose Garden (hoje Moda Center), a equipe teve lotação máxima em seu ginásio durante 814 partidas consecutivas, um recorde para os esportes americanos.

O Portland Trail Blazers é uma das franquias mais tradicionais da liga, nunca tendo mudado de cidade e sempre cativando sua torcida. Além do time campeão de 1977, outras equipes ficaram na memória, como os times de Clyde Drexler nos anos 90, o time que chegou até a final do Oeste em 2000 com Scottie Pippen, Rasheed Wallace e Arvydas Sabonis, entre outros. Recentemente, a franquia teve excelentes anos com a dupla Brandon Roy e LaMarcus Aldridge, e por um infortúnio do destino a carreira de Roy, um dos mais talentosos alas-armadores de sua geração, foi interrompida cedo por lesões crônicas no joelho.

É esse legado que Damian Lillard e seus companheiros de time estão encarregados de proteger e ampliar. E aí, quem acha que eles estão à altura?

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