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O que a troca por Dejounte Murray representa para Hawks e Spurs

Renato Campos
Renato Campos
11 de Julho

O mercado de trocas e free agency da NBA começou a todo vapor para a temporada 2022/23, e uma das transações que mais chamou a atenção foi a ida do armador Dejounte Murray, ex-San Antonio Spurs, para o Atlanta Hawks.

O jogador de 25 anos, que foi eleito para o All-Star nesta temporada, foi trocado para a franquia da Geórgia por múltiplas escolhas de draft, além do ala italiano Danilo Gallinari. Com isso, Dejounte encerra uma passagem de cinco temporadas com o time do Texas, anotando médias de 21.1 pontos por jogo (PPG), 8.3 rebotes por jogo (RPG) e 9.2 assistências por jogo (APG).

O que a chegada de Dejounte Murray representa para os Hawks?

O Atlanta Hawks surpreendeu a todos ao chegar na final da Conferência Leste em 2020/21, enchendo de expectativas a torcida da cidade. A equipe voltou aos playoffs na última temporada, quando acabou sendo eliminada pelo Miami Heat logo na primeira rodada, por 4 a 1.

A decisão, portanto, foi buscar um grande jogador para fazer companhia à grande estrela da franquia, o também armador Trae Young. A escolha por Dejounte foi baseada em diversos fatores: é um jogador jovem, com potencial de crescimento, que contribui muito na defesa, além de números explosivos no ataque. Na última temporada, o all-star chegou a 17 triple-doubles na carreira, superando David Robinson (14) e se tornando o recordista da franquia texana em todos os tempos.

Com Murray e Young, o Atlanta Hawks passa a ter um back court dos mais interessantes do Leste, e a expectativa é brigar com mais força contra outros contenders da Conferência, como Boston Celtics, Miami Heat e Milwaukee Bucks. Nas casas de apostas, no entanto, a chegada de Murray não melhorou muito as odds do título dos Hawks, que gira na casa dos 51.00 nas principais cotações de basquete do mercado, atrás de pelo menos 13 outros times.

Além dos dois armadores considerados titulares, o time comandado por Nate McMillan deve contar com o sérvio Bogdan Bogdanovic na rotação, além de um front court com De'Andre Hunter, John Collins e Clint Capela.

A presença de Dejounte Murray não foi suficiente para o San Antonio Spurs se classificar sequer aos playoffs nas últimas temporadas. Em 2021/22, no entanto, ele teve as melhores médias da carreira em quatro dos cinco principais fundamentos (pontos, rebotes, assistências e roubadas de bola), o que sugere uma evolução. Além disso, diferentemente do que aconteceu no Texas, o armador não terá o peso de ser o principal play maker da franquia – afinal, Trae Young estará por lá.

O que a saída de Dejounte Murray representa para os Spurs?

Se no Atlanta Hawks a troca por Murray significa busca por competitividade, no San Antonio Spurs representa uma clara aposta no futuro da franquia – única razão que explica o fato de o time abrir mão de seu principal play maker de uma forma repentina, que acabou pegando de surpresa muitos especialistas e os próprios torcedores.

Os indícios são vários. Além de Dejounte Murray, os Spurs também perderam o armador Lonnie Walker IV, que foi para o Los Angeles Lakers, abrindo ainda mais espaço de cap – o maior de toda a liga, com US$ 38,5 milhões. Junte a isso as múltiplas escolhas de draft nas próximas temporadas.

O rebuild parece claro, e os torcedores estão de olhos abertos no draft de 2023. Com a expectativa de uma escolha alta na primeira rodada, há a possibilidade de o San Antonio Spurs contar com o grande talento da próxima geração, o pivô Victor Wembanyama, destaque do basquete europeu.

Vale lembrar que a franquia passou por um filme parecido nos dois grandes drafts de sua história: o de 1987, quando selecionou o pivô David Robinson, e o de 1997, selecionando o ala-pivô Tim Duncan, ambos com a primeira escolha geral. A opção por escolher dois “big man” se mostrou acertada, já que os dois são considerados os maiores jogadores da franquia em todos os tempos e estão entre os melhores da posição na NBA em praticamente qualquer análise histórica. Seria Victor Wembanyama o terceiro capítulo desse livro?

Quanto à temporada 2022/23 que se aproxima, não há muito de positivo a se esperar. A menos que o time faça algum movimento no mercado, é pouco provável que o San Antonio Spurs volte aos playoffs – mesmo com o fator Gregg Popovich. Nem mesmo Danilo Gallinari, envolvido na troca por Dejounte Murray, será aproveitado pela franquia, já que ele foi dispensado e reforçará o Boston Celtics.

O time aposta no talento de Keldon Johnson para ser o grande líder técnico, e deve dar mais protagonismo a nomes como Tre Jones, Devin Vassell e Josh Primo, prováveis titulares de Pop para a temporada. A saber qual será o papel do armador Malaki Branham, draftado na primeira rodada neste ano.

O torcedor pode esperar um time jovem, aguerrido e competitivo até um certo limite, mas muitas derrotas são previstas, como parte do processo de reconstrução. Porém, os Spurs estão há três temporadas longe dos playoffs, o que pode gerar pressão de uma torcida que ficou mal-acostumada após 20 anos seguidos na pós-temporada e cinco títulos nesse período.

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